quinta-feira, 15 de março de 2012

Sobre a matriz visual na questão da linguagem da cor na fotografia


Palavras-Chave: Linguagem da cor; fotografia; William Eggleston; imagem

A invenção da câmera escura remonta o século V a.C. e foi desenvolvida no período do renascimento com o uso de lentes e espelhos. No entanto, foi a partir do século XIX, com a invenção das chapas fotossensíveis e o desenvolvimento do filme que as imagens puderam ser fixadas e se tornar permanentes.
James Clerk Maxwell (1831-1879) foi considerado o responsável pela primeira forma de reprodução fotográfica colorida em 1861. Mas foi em 1907, que os irmãos Lumière desenvolveram um projeto viável, conhecido como autocromo e que permaneceu até por volta de 1930.
A partir de 1930 o processo subtrativo, também conhecido como Kodachrome foi sendo aperfeiçoado e foi o responsável por toda a produção de impressão da fotografia colorida até a invenção da fotografia digital.
Com seu pioneirismo, William Eggleston (1939), fotógrafo americano, natural de Memphis, TN - validou o uso da cor na fotografia artística contemporânea, desde a década de 60.
No final da década de 60, Eggleston passou a usar filmes coloridos transparentes (filme para slides) provocando imagens de grande impacto.
Entre 1969 e 1971, Eggleston produziu uma coletânea de fotos que foi exibida no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova York em 1976. Com essa exposição, ele inaugurou um importante marco para a fotografia de arte, a fotografia com cores.
Segundo Charlotte Cotton:
Não foi senão na década de 70 que os fotógrafos de arte que usavam cores vibrantes – até então domínio exclusivo da fotografia comercial e vernácula – encontraram um modesto nível de apoio, somente nos anos 90 a cor se tornou o elemento principal da atividade fotográfica (2010, p.12).

Do álbum 14 fotos -Edition of 15 Publicado em 1974 e distribuído pela Lunn Galeria/ Graphics International, Washington, DC – disponível em  http://www.egglestontrust.com/images/portfolios/14_pictures_a.jpg

De acordo com John Szarkowski, na introdução que faz ao William Eggleston’s Guide -1976, as fotos de Eggleston parecem ser sobre a casa do fotógrafo, sobre  o seu lugar, ou melhor, sobre a sua identidade. Contudo, as imagens de Eggleston são também sobre a fotografia, a qual pode ser considerada um sistema de edição visual.
Para Szarkowski, a “forma é talvez o ponto da arte. O objetivo não é fazer algo factualmente impecável, mas perfeitamente convincente. In photography the pursuit of form has taken an unexpected course. Na fotografia a busca da forma tem tomado rumo inesperado. In this peculiar art, form and subject are defined simultaneously. Nesta arte peculiar, forma e matéria são definidas simultaneamente”.
A pintura moderna, os filmes, a televisão a cores e as imagens impressas nas revistas, têm contribuído muito para a formação do olhar do fotógrafo de cor.
Para fotografar com cor é preciso pensar a cor não como uma questão à parte, mas como se o mundo existisse na cor, como se o azul e o céu fossem uma mesma coisa.

Wedgwood Azul - Poema de William Butler Yeats – Publicado em 1979 pela Chubb Caldecot, Nova Iorque. Disponível em http://www.egglestontrust.com/images/artist_books/wedgwood_blue_c.jpg

As imagens de Eggleston, se reduzidas a preto e branco, seriam quase estáticas, mas percebidas em cores, diferenciam-se tanto na composição quanto no seu significado.
Sendo assim, pode-se concordar com Szarkowski (1976) quando afirma que “uma imagem é, afinal, apenas uma imagem, um tipo concreto de ficção, não para ser admitida como prova rígida o como os dados quantificáveis dos cientistas sociais”.
O autor finaliza seu artigo dizendo que como imagens, essas parecem-lhes perfeitas, por sua visão particular, descrita com clareza, plenitude e elegância.
Nos seus primeiros ensaios fotográficos, Eggleston fotografava como num processo exploratório e é também num processo exploratório semiótico de análise das imagens fotográficas que pretendo me aventurar nesta pesquisa para então desencadear um processo criativo a partir das imagens fotográficas de modo não empírico, mas consciente das possíveis leituras e interpretações resultantes da imagem.
 Tendo como ponto de partida o capítulo V do livro A matriz visual e suas modalidades, do livro Matrizes da Linguagem e pensamento – Sonora, visual e verbal; de Lúcia Santaella, pude identificar a necessidade de me debruçar sobre uma bibliografia referencial para identificar e se possível sistematizar um método de leitura, interpretação e análise das imagens fotográficas como parte significativa no processo criativo de novas imagens.

Este texto foi desenvolvido e apresentado em Dezembro, 2010, para a disciplina Metodologias das Linguagens Artísticas,  sendo optativa neste Doutorado e tendo como orientadores o Prof. Dr. Marcos Rizolli e  a Profª. Drª. Regina Lara.
Reconheço nesse momento da minha pesquisa, (15/03/2012), a necessidade de aprofundar os estudos sobre a imagem e a linguagem da cor.
Para estudar sobre imagem, escolho o livro Imagem: cognição, semiótica, mídia, da autora Lucia Santaella e Winfried Noth. São Paulo, Iluminuras, 2008.
Para estudar a linguagem da cor:  FRASER, Tom e BANKS, Adam. O guia completo da cor. Tradução de Renata Bottini. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.
Por hoje é isso,
K.

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