Palavras-Chave: Linguagem da cor; fotografia; William Eggleston;
imagem
A
invenção da câmera escura remonta o século V a.C. e foi desenvolvida no período
do renascimento com o uso de lentes e espelhos. No entanto, foi a partir do
século XIX, com a invenção das chapas fotossensíveis e o desenvolvimento do
filme que as imagens puderam ser fixadas e se tornar permanentes.
James
Clerk Maxwell (1831-1879) foi considerado o responsável pela primeira forma de
reprodução fotográfica colorida em 1861. Mas foi em 1907, que os irmãos Lumière
desenvolveram um projeto viável, conhecido como autocromo e que permaneceu até
por volta de 1930.
A partir
de 1930 o processo subtrativo, também conhecido como Kodachrome foi sendo
aperfeiçoado e foi o responsável por toda a produção de impressão da fotografia
colorida até a invenção da fotografia digital.
Com seu
pioneirismo, William Eggleston (1939), fotógrafo americano, natural de Memphis,
TN - validou o uso da cor na fotografia artística contemporânea, desde a década
de 60.
No final
da década de 60, Eggleston passou a usar filmes coloridos transparentes (filme
para slides) provocando imagens de
grande impacto.
Entre
1969 e 1971, Eggleston produziu uma coletânea de fotos que foi exibida no Museu
de Arte Moderna (MOMA) de Nova York em 1976. Com essa exposição, ele inaugurou
um importante marco para a fotografia de arte, a fotografia com cores.
Segundo
Charlotte Cotton:
Não foi senão na década de 70
que os fotógrafos de arte que usavam cores vibrantes – até então domínio
exclusivo da fotografia comercial e vernácula – encontraram um modesto nível de
apoio, somente nos anos 90 a cor se tornou o elemento principal da atividade
fotográfica (2010, p.12).
Do álbum 14 fotos -Edition of 15 Publicado em 1974 e distribuído
pela Lunn Galeria/ Graphics International, Washington, DC – disponível em http://www.egglestontrust.com/images/portfolios/14_pictures_a.jpg
De acordo com John Szarkowski, na
introdução que faz ao William Eggleston’s
Guide -1976, as fotos de Eggleston parecem ser sobre a casa do fotógrafo,
sobre o seu lugar, ou melhor, sobre a
sua identidade. Contudo, as imagens de Eggleston são também sobre a fotografia,
a qual pode ser considerada um sistema de edição visual.
Para Szarkowski, a “forma é talvez o
ponto da arte. O objetivo não é fazer algo factualmente impecável, mas
perfeitamente convincente. In photography the
pursuit of form has taken an unexpected course. Na fotografia a busca da
forma tem tomado rumo inesperado. In this peculiar
art, form and subject are defined simultaneously. Nesta arte peculiar,
forma e matéria são definidas simultaneamente”.
A pintura moderna, os filmes, a
televisão a cores e as imagens impressas nas revistas, têm contribuído muito
para a formação do olhar do fotógrafo de cor.
Para fotografar com cor é preciso
pensar a cor não como uma questão à parte, mas como se o mundo existisse na
cor, como se o azul e o céu fossem uma mesma coisa.
Wedgwood Azul - Poema de William Butler
Yeats – Publicado em 1979 pela Chubb Caldecot, Nova Iorque. Disponível em http://www.egglestontrust.com/images/artist_books/wedgwood_blue_c.jpg
As imagens de Eggleston, se reduzidas a
preto e branco, seriam quase estáticas, mas percebidas em cores, diferenciam-se
tanto na composição quanto no seu significado.
Sendo assim, pode-se concordar com
Szarkowski (1976) quando afirma que “uma imagem é, afinal, apenas uma imagem,
um tipo concreto de ficção, não para ser admitida como prova rígida o como os
dados quantificáveis dos cientistas sociais”.
O autor finaliza seu artigo dizendo que
como imagens, essas parecem-lhes perfeitas, por sua visão particular, descrita
com clareza, plenitude e elegância.
Nos seus primeiros ensaios
fotográficos, Eggleston fotografava como num processo exploratório e é também
num processo exploratório semiótico de análise das imagens fotográficas que
pretendo me aventurar nesta pesquisa para então desencadear um processo
criativo a partir das imagens fotográficas de modo não empírico, mas consciente
das possíveis leituras e interpretações resultantes da imagem.
Tendo como ponto de partida o capítulo V do
livro A matriz visual e suas modalidades,
do livro Matrizes da Linguagem e pensamento – Sonora, visual e verbal; de
Lúcia Santaella, pude identificar a necessidade de me debruçar sobre uma
bibliografia referencial para identificar e se possível sistematizar um método
de leitura, interpretação e análise das imagens fotográficas como parte
significativa no processo criativo de novas imagens.
Este texto foi desenvolvido e apresentado em Dezembro, 2010, para a disciplina Metodologias das Linguagens Artísticas, sendo optativa neste Doutorado e tendo como orientadores o Prof. Dr. Marcos Rizolli e a Profª. Drª. Regina Lara.
Reconheço nesse momento da minha pesquisa, (15/03/2012), a necessidade de aprofundar os estudos sobre a imagem e a linguagem da cor.
Para estudar sobre imagem, escolho o livro Imagem: cognição, semiótica, mídia, da autora Lucia Santaella e Winfried Noth. São Paulo, Iluminuras, 2008.
Para estudar a linguagem da cor: FRASER, Tom e BANKS, Adam. O
guia completo da cor. Tradução de Renata Bottini. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2007.
Por hoje é isso,
K.
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