quinta-feira, 20 de junho de 2013

Para onde quero voltar ...

É inverno na América do Norte.
É Natal!
No dia 25 de dezembro de 2012, cheguei em Minneápolis, Minessota, EUA.

É a partir daqui que apresento esse processo artístico de investigação no modo de produção ficcional auto-referente.

Começo apresentando a artista Cindy Sherman, que nesse momento expõe uma retrospectiva de  35 anos de produção artística.












Keller.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Mexendo nas gavetas da minha memória: "Ascensor al Paraíso" - na Casa de las Américas, em Havana,, Cuba

Nesse projeto e processo coletivo de ateliê, foi possível perceber dentre tantas coisas, as singularidades de cada artista que estava lá. As representações, interpretações e apresentações de paraíso para cada um. O perceber, o sentir e o fazer singular de cada um dos participantes daquele ateliê coletivo. Os traços, os gestos, os cortes na madeira, as imagens, a intensidade de uns, a leveza de outros,... a complementaridade surgida das diferenças e das semelhanças.
Mais uma experiência singular, ...artística e estética!
E remexendo nessas lembranças, me dei conta que nós (Eu, a Lara, a Luciana, o Beto e o Marcelo), esse grupo de jovens artistas brasileiros que em 1999 vivenciaram esse processo, nós podemos propor esse projeto aqui no Brasil!!
Eu lanço aqui essa proposta! Convoco para isso ou outros quatro integrantes dessa "aventura em Havana", para propormos por aqui um outro "Ascensor al Paraíso", para que possamos dar continuidade e compartilhar com outros artistas essa ideia!!
Afinal, o que é o paraíso, nesse momento, para cada um de vocês?

Keller
Dezembro/2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Por onde andei: "Ascensor al Paraíso"


IV Simpósio de Filologia e Cultura Latino-Americana
 

Comunicação:
Por onde andei: “Ascensor al Paraíso”
Por onde andei: “Ascensor al Paraíso” apresenta um processo criativo vivenciado em um ateliê sobre ambientação e intervenção de espaços realizado na Casa de las Américas, em  Havana - Cuba, no ano de 1999. Conduzido pelo artista portorriquenho Antonio Martorell, esse ateliê reuniu um grupo de aproximadamente trinta artistas gravadores da América Latina e Caribe. Participando desse grupo, tive a oportunidade de produzir artística e coletivamente e compartilhar experiências que hoje considero singulares na  minha trajetória artística e cultural. Recuperar essa vivência a partir de fragmentos da memória, das notações e esboços no diário de campo, dos documentos, das fotografias e do portfólio de xilogravuras produzido lá e converter todos esses indícios em linguagem digital e hipermidiática, seja para guardar, assim como para revelar e divulgar essa experiência, é parte de um projeto que conta minha própria história de vida e a insere na produção artística contemporânea como argumento referencial ou o que Isabelle Rouge chama de museus imaginários ou pessoais.
Este projeto é parte integrante e parcial da pesquisa doutoral que está sendo desenvolvida durante o meu percurso no Programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura, da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Palavras-chave: fotografia, imagens digitalizadas, história de vida, produção auto-referente, arte contemporânea.

As imagens contam parte dessa história. Imagens do caderno, meu diário de campo. Imagens do álbum de fotos. Imagens da produção de xilogravuras. Imagens de documentos. Registro de um processo.


























Keller Regina Viotto Duarte
Programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura (doutorado) Universidade Presbiteriana Mackenzie
e-mail: kd_arte@yahoo.com.br

Por onde andei - O artigo acadêmico apresentado no CIANTEC-12

 
Por onde andei
Keller Regina Viotto Duarte
Universidade Presbiteriana Mackenzie
São Paulo – Brasil

Resumo

Por onde andei, nomeia um processo criativo atual que reúne minhas próprias experiências de quarenta anos de vida representadas a partir de objetos, fotografias e imagens digitalizadas. O que foi guardado pede nesse momento que seja revelado.
Objetos, documentações e representações  contam uma história de vida permeada pela vivência artística, seja na condição de leitora ou de produtora em arte.
Ver, observar e apreciar arte assim como reproduzir, colecionar, fazer arte fez parte da minha história de vida, e é esse conjunto de objetos e imagens reunidos, selecionados, relacionados e apresentados na condição da produção artística contemporânea que compõem esse  projeto.
Considerando as ideias e pensamentos dos autores Charlote Cotton , Henri Bergson, Isabelle Rouge, Lúcia Santaella e Marcos Rizolli dentre tantos outros que orientam este processo criativo, proponho neste artigo a revelação do modo de produção artística auto-referente atual.
Este projeto é parte integrante e parcial da pesquisa doutoral que está sendo desenvolvida durante o meu percurso no Programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “- Este trabalho foi financiado em parte pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa.”
A arte contemporânea alarga o campo artístico e esta pesquisa está inscrita neste campo, o qual aceita a convivência e a mistura de linguagens, ou melhor, linguagens híbridas, assim como de materiais, técnicas e procedimentos artísticos assim como de uma nova linguagem no caso da hipermídia e as possibilidades de web arte.  Nesse cenário, a fotografia ocupa um lugar privilegiado como arte.
A arte contemporânea acolhe também a vida cotidiana do artista como argumento referencial ou o que Isabelle Rouge chama de museus imaginários ou pessoais.
Os artistas Andy Warhol, Joseph Beuys, Cindy Sherman, Marina Abramovic e Sophie Calle exemplificam e iluminam essa pesquisa.

Palavras-chave: fotografia, imagens digitalizadas, história de vida, produção auto-referente, arte contemporânea.

1. Por onde andei, nomeia um processo criativo atual que reúne minhas próprias experiências de quarenta anos de vida representadas a partir de objetos, fotografias e imagens digitalizadas. Nesse processo, reconheço e identifico como experiência, aquelas que de acordo com John Dewey podem ser identificadas  como uma experiência singular: 
Quando o material vivenciado faz o percurso até sua consecução. Então, e só então, ela é integrada e demarcada no fluxo geral da experiência proveniente de outras experiências. Conclui-se uma obra de modo satisfatório; um problema recebe uma solução; um jogo é praticado até o fim; uma situação, seja a de fazer uma refeição, jogar uma partida de xadrez, conduzir uma conversa, escrever um livro ou participar de uma campanha política, conclui-se de tal modo que seu encerramento é uma consumação, e não uma cessação. Essa experiência é um todo e carrega em si seu caráter individualizador e sua autossuficiência. Trata-se de uma experiência (Dewey, 2010, p.109 - 110).
Para Dewey, a experiência singular tem uma unidade e por isso é nomeada. Nesse caso, nomeio algumas experiências singulares percebidas no transcorrer da minha vida.
Segundo o autor a existência dessa unidade é constituída por uma qualidade ímpar que perpassa a experiência inteira, a despeito da variação das partes que a compõem (Dewey, 2010, 112).

Imagem 1. Diamantina: uma experiência singular
A imagem 1. Diamantina: uma experiência singular, uma fotografia digital, assim nomeada e apresentada,  representa um conjunto de fotografias, impressos, álbum de fotos, uma pasta portfólio, ou seja vestígios de uma experiência vivida por mim e ora guardada ora mostrada.
Essa imagem contempla uma metalinguagem, quando é uma foto de outras fotos, no entanto, a pasta portfólio, o álbum, assim como a disposição das imagem que se apresentam como acúmulo, sobreposições, justaposições, intervalos, tonalidades quentes, outras frias, linhas diagonais que estruturam provocam uma dinâmica, um movimento na composição; todos esses elementos percebidos na imagem, revelam um momento novo de quem olha para aquele conjunto de imagens como que recortando um fragmento da memória, juntando peças e relacionando, reconstruindo  e recontando com alguns vestígios uma experiência vivida e registrada em diferentes  suportes, papéis, lona, álbum de fotos, caderno de registro,... Essa  experiência me remete a uma experiência única, vivenciada por mim na cidade de Diamantina, Minas Gerais, durante o mês de julho de 2001, quando participei da oficina de Criação Bidimensional – Desenho/pintura, do Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais.
A decisão de querer participar do festival, a inscrição, o resultado da seleção, os materiais levados na viagem (papéis, tecidos tintas, pincéis,...), a viagem de Jundiaí até Belo Horizonte e depois de Belo Horizonte até Diamantina, a hospedagem no alojamento da escola, o café  da manhã com pão de queijo quentinho, as aulas, ou encontros, a professora da oficina de desenho, Isaura Penna, a turma, as outras oficinas, tudo o que acontecia naquele período e lugar, a minha produção exploratória, intensa, imersiva, os momentos de suspensão e retorno ao processo, tudo o que ficou compreendido naquele período e o que dele decorreu, marcou profundamente minha trajetória de vida.

Foto 2. Título: “Caminho dos escravos – Diamantina”
Artista: Keller Duarte
Desse processo todo, algumas obras produzidas lá, se destacaram e passaram a ser expostas em diferentes ocasiões como foi o caso do desenho em cêra sobre lona, de 300 x 160 cm, produzido com a técnica da frotagem, diretamente no “caminho dos escravos”, uma trilha de pedras, hoje um trajeto até mesmo turístico na cidade, mas que guarda nas pedras a memória de muitas histórias de andantes que por ali passaram.
O que foi guardado pede nesse momento que seja revelado.
Objetos, documentações e representações  contam uma história de vida permeada pela vivência artística, seja na condição de leitora ou de produtora em arte.
Ver, observar e apreciar arte assim como reproduzir, colecionar, fazer arte fez parte da minha história de vida, e é esse conjunto de objetos e imagens reunidos, selecionados, relacionados e apresentados na condição da produção artística contemporânea que compõem esse  projeto. É o tempo, com sua densidade, que dá sentido às vivencias. Hoje,  onze anos após essa experiência ter sido vivenciada e selecionada nesse novo processo criativo, que reconheço e identifico esta experiência, Diamantina: julho de 2001, como uma experiência singular, artística e estética.
E Katia Canton diz que:
Nas artes, a evocação das memórias pessoais implica a construção de um lugar de resiliência, de demarcações de individualidades e impressões que se contrapõem a um panorama de comunicação e de tecnologia virtual que tendem gradualmente a anular as noções de privacidade, ao mesmo tempo que dificultam trocas reais (2009, p.22).
Charlotte Cotton afirma que a fotografia se tornou central no cenário da arte contemporânea (2010, p.21).
A arte conceitual minimizou a importância da autoria e da competência prática, aproveitando a capacidade inabalável e cotidiana da fotografia de retratar as coisas: adotou um visual peculiarmente “não artístico”, “inexperiente” e “anônimo” para enfatizar que a importância artística residia no ato retratado pela fotografia (Cotton, 2010, p. 21).
Canton cita Peter Pál Pelbart, quando escreve no texto “tempos agonísticos”, sobre o regime temporal que preside nosso cotidiano que, segundo o filósofo, sofreu uma mutação tão desorientadora nas últimas décadas que alterou inteiramente nossa relação com o passado, nossa ideia de futuro, nossa experiência do presente, nossa vivência do instante, nossa fantasia de eternidade” (Canton apud Pelbart, 2009, 19).
E é por essa percepção do tempo contemporâneo que a autora  afirma que ele retira as espessuras das experiências que vivemos no mundo, afetando inexoravelmente nossas noções de história, de memória, de pertencimento (Canton, 2009, p.20).
É na contramão dessa sensação de atemporalidade, de que apenas o agora existe, que proponho esse projeto de investigação, marcado por um processo de deslocamentos no tempo e no espaço. Por onde andei, revela a espessura das experiências vividas e recuperadas na memória pelos vestígios deixados, sejam eles as fotografias, objetos, documentos, cada qual com sua característica própria de um tempo e lugar específico.
A apropriação e a releitura que a fotografia artística contemporânea faz das imagens também são realizadas pelo cotejo de fotos existentes, normalmente vernáculas e anônimas, a composição de grades, esquemas e justaposições. Em certa medida, o papel do artista, nesse caso, é como de um editor de gravuras ou de um curador, configurando o significado das fotos por meio de atos de interpretação e não pela realização de imagens (Cotton, 2010, 208).
Recuperar, organizar, ressignificar fotos existentes é atualmente um segmento da fotografia artística contemporânea.
Esse registro da experiência singular, da memória, do que ficou guardado é o que dá a espessura e densidade que passa agora a ser celebrada.
Celebra-se com a mostra, a exposição, a revelação, a divulgação seja em ambiente físico real ou hipermidiático como ocorre com a publicação das imagens atualmente em blogs e redes sociais.

O blog Atelier Keller Duarte foi inaugurado no dia 06 de março de 2012. Derivado do termo francês Atelier, este ambiente digital e público, pretende guardar e revelar parte do meu processo criativo do entorno da minha pesquisa doutoral. Por onde andei, é mais um processo que ocupa esse lugar. Um ambiente hipermidiático, que requer a linguagem hipermidiática. Linguagens híbridas, sempre digitais.
Lucia Santaella cita Feldman para apresentar a hipermídia como sendo “a integração sem suturas de dados, texto, imagens de todas as espécies e sons dentro de um único ambiente de informação digital” (2005, p.392).
É nesse ambiente que guardo e revelo, a partir de então, esse meu museu imaginário.
A arte contemporânea acolhe também a vida cotidiana do artista como argumento referencial ou o que Isabelle Rouge chama de museus imaginários ou pessoais., ou ainda de narração auto-fictícia. A autora faz referencia a diversos artistas que põem a sua própria vida no âmago da sua arte, dentre eles cita Christian Boltanski, Sophie Calle, Jeff Koons e Gilbert e George.
A expressão, museu imaginário, usada primeiro por  André Malraux, traz outra interpretação. Malraux fala da incompletude do museu físico e a nossa possibilidade de imaginá-lo completo. Ele fala de uma história da arte do que é fotografável (1965, p.108). Enquanto Rouge usa a expressão do ponto de vista do artista do sujeito que faz arte, Malraux apresenta toda uma reflexão do ponto de vista de quem lê ou aprecia arte. Sendo assim, considero a relevância da obra André Malraux, mas é no contexto de Isabelle Rouge que me aproprio do termo museu imaginário.
Alguns artistas selecionados aqui por mim, exemplificam e iluminam essa pesquisa. São eles: Warhol, Beuys, Sherman, Abramovic e Calle. De cada um deles, um fragmento, um exemplo, uma referência, numa busca constante por encontrar a minha linhagem artística.
O artista Andy Warhol, deixou além do conjunto da sua obra, a memória do seu atelier-estúdio-escritório, The  Factory, como proposta de espaço do artista. Marcos  Rizolli  o considera um experimentador por excelência, um artista que sob qualquer pretexto buscava expor as imagens de sua cultura imediata (2005, p.140).
Segundo Isabelle Rouge, aos olhos de Warhol, muitos objetos da vida cotidiana são dignos de figurar no museu ao nível de um quadro ou esculturas clássicos (2003, p.17)
Joseph Beuys, também considerado por Rizolli um artista experimental, tem a ideia de arte como evento, um fluir ininterrupto de situações e de emoções.
Cindy Sherman, artista norte-americana, uma das maiores representantes da fotografia de arte pós-modernista, apresenta como temática constante, elementos da vida cotidiana. O autorretrato nesse caso se apresenta interpretando vários personagens. Ela é ao mesmo tempo  a fotógrafa e a modelo de suas criações.
É Marina Abramovic  quem diz: [...] A minha grande pergunta é: será que o artista tem o direito de atualizar o material de seu passado, colocando-o em um contexto no qual talvez venha a ter uma nova vida?” (28 Bienal de São Paulo Guia, 2008)
Assim como ela, que usa imagens dela mesma, de outros tempos, edita e atualiza as imagens, o que eu faço é reunir, selecionar, montar, justapor, sobrepor, digitalizar, editar e publicar essas imagens em ambiente digital e no caso do blog, em rede.
Sophie Calle é mais uma artista que, segundo Isabelle Rouge, põem a sua própria vida no âmago da sua arte.  Seu trabalho aparece como uma autobiografia, às vezes fictícia, mas visual (2003,p.30).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Bergson, Henri. Matéria e memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Traduç. Paulo Neves. 4ª ed. São Paulo, Editora WMF Martins Fontes, 2010.
Cauquelin, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. Tradutora Rejane Janowitzer. São Paulo: Martins, 2005.

Cotton, Charlotte. A fotografia como arte contemporânea. Trad. Maria S. Mourão Netto. São Paulo, Editora WMF Martins Fontes, 2010.

Dewey, John. A arte como experiência. Traduç. Vera ribeiro. São Paulo, Martins Martins Fontes, 2010.

González Flores, Laura. Fotografia e pintura: dois meios diferentes? Traduç. Silvana Cabucci Leite. São Paulo, editora WMF Martins Fontes, 2011.

Canton, Katia. Tempo e Memória. (Coleção temas da arte contemporânea). São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

Larrosa, Jorge. Nota sobre a experiência e o saber da experiência. Texto subsídios ao trabalho pedagógico das unidades da Rede Municipal de Educação de Campinas. 2001.

Malraux, André. O museu imaginário. Traduç. Isabel Saint-Aubyn. Portugal, Edições 70, 1965.

RIizolli, Marcos. Artista, cultura, linguagem. Akademika Editora, 2005. Campinas, SP. 2005.

Rouge, Isabelle de Maison. A Arte Contemporânea. Ed. Inquérito, Portugal, 2003.
 
Santaella, Lucia; Noth, Winfried. Imagem: cognição, semiótica e mídia. 1. Ed. São Paulo, Iluminuras, 2008.

Santaella, Lucia. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora visual verbal: aplicações na hipermídia. 3.ed. São Paulo Iluminuras: FAPESP, 2005.

Sontag, Susan. Sobre fotografia. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo, Companhia das Letras, 2004.

Este projeto é parte integrante e parcial da pesquisa doutoral que está sendo desenvolvida durante o meu percurso no Programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “- Este trabalho foi financiado em parte pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa.”

domingo, 25 de novembro de 2012

Texto de apresentação da exposição Por onde andei: Pelas Minas Gerais










Artista contemporânea, Keller Duarte parece agir como os anjos de Wim Wenders: em seus incessantes deslocamentos, sabe singularmente compor olhares tão próximos quanto distantes.
São, sempre, pontos de vista íntimos e, paradoxalmente, panorâmicos. – que apelam, quase sempre, para densidades sensoriais.
Em múltipla dimensão, tanto técnica quanto conceitual, a artista configura suas tessituras entre vida e arte.
Com sua arte, então, Keller Duarte acaricia a linguagem: transformando lugares em experiência e observações em memória.
Nas Minas Gerais, por onde a artista já andou, colheu impressões: da paisagem, da gente, das coisas. Andou, por lá, resgatando cenas mineiras originalmente apreendidas junto do olhar paterno, reelaborando sua expressão artística e articulando fatos com formas e imagens com plasticidades. Desenhou de observação, decalcou a natureza, capturou objetos, fotografou a terra... E, com os genuínos pigmentos da memória, tingiu de afeto a nossa percepção!
Marcos Rizolli
Primavera de 2012