Fala-se muito na aceitação da diferença, porém ela é rara.
Implica uma generosidade que não é espontânea e precisa ser conquistada.
Implica uma generosidade que não é espontânea e precisa ser conquistada.
(MILAN, Revista Veja, edição 2161 – ano 43 – nº16.
21 de abril de 2010. P.128)
21 de abril de 2010. P.128)
Parece-me que para pensarmos de modo interdisciplinar necessitamos de uma generosidade, que como cita a autora, “não é espontânea e precisa ser conquistada”.
Sobre interdisciplinaridade, as primeiras
palavras que me ocorrem são: interrelação, entre,
associações, complementações, relações entre disciplinas, assim como, recorte e
colagem, referindo-se ao que não é
interdisciplinaridade.
Sendo assim, é a interrelação de assuntos diferentes. É perceber o que há entre um e e outro. São as associações de ideias. É tentar complementar, mesmo reconhecendo a incompletude.
A ideia de
interdisciplinaridade nos propõe uma condição de novidade e atualidade.
E é nessa perspectiva interdisciplinar que proponho minha pesquisa atual.
...
Como a obra de
arte contemporânea me afeta?
Para iniciar minha resposta recorro à resposta do artista Olafur Eliasson quando questionado
sobre sua intervenção artística.
Em 2000, uma mancha verde invadiu um dos rios que atravessam Estocolmo. Por quase uma hora, os pedestres e os motoristas nas margens não sabiam o que pensar. [...] Dois dias depois todos ficaram sabendo que o responsável foi o dinamarquês Olafur Eliasson, um dos mais respeitados artístas plásticos vivos, o mesmo que oito anos depois criaria quatro cachoeiras artificiais e transformaria por cinco meses a paisagem de Nova York. mas por que manchar na surdina um rio com pigmento colorido não poluente?
Eliasson responde por e-mail:
O rio estranhamente verde fez com que as pessoas enxergassem o mundo de uma outra maneira.
Com somente uma frase, o artista resumiu uma das sensações mais ricas que as artes plásticas podem oferecer a seu público: um novo olhar diante das coisas. (MORESCHI. Maio, 2010. P. 59).
Olafur Eliasson. Copenhague, Dinamarca, 1967; vive em Berlim.
...
Da disciplina História do Corpo no Ocidente, (2010) com orientação
da Márcia Tiburi, surgiu um interesse pelo corpo, ou melhor, pela representação
do corpo na arte contemporânea.
Da leitura do texto “Corpo & Alma – Uma fração da
fotografia contemporânea no Brasil”, de Roberto Pontual, do livro Crítica de
Arte no Brasil (p. 407-412), veio a proposta da fotografia como linguagem na produção
artística brasileira.
Iniciei algumas construções de mapas, uma cartografia
por palavras...
Voz
Corpo
e alma
Representação do corpo
Lembrança/ memória
Álbum de família
História
de vida
Imagem
Fotografia
Arte contemporânea
Processo criativo
Técnica
Poética
Linguagens híbridas e derivativas
Mediação
Inaugurada a 29ª Bienal, fui dia 26/09/2010 fazer uma primeira
visita, com olhar de quem procura, de quem quer ver pela primeira vez, solitariamente,
para deixar-me ser tocada pela imagem, se é que isso ainda seria possível.
A fotografia era nesse momento um critério de escolha. Eu
procurava inicialmente pela identificação da linguagem, a forma e o conteúdo se
revelavam nesse processo, assim como a materialidade das propostas fotográficas
apresentadas pelos artistas fotógrafos.
Primeiras escolhas:
Lygia Pape – Língua apunhalada, 1968
Antonieta Sosa – Peresa
Jonathas de Andarde – imagem/palavra
Carlos Vergara – fotografia 3D, 1972-76- 2010
Oscar Bony – A família obrera, 1968/69
Miguel Angel Rojas – Faenza, 1979 – Bogotá, CO
Arthur Barrio – SituaçãoO RHHH-69 - performance/fotografia
Sandra Gamarra
Heshiki – Museu Inventado – fotografia/pintura.
Foi numa aula, da disciplina Seminários
Avançados – Arte Contemporânea, orientada pelas docentes Profª. Drª. Mirian Celeste Martins e Profª.
Drª. Jane de Almeida do dia 29/09/2010, sobre Materialidade, que falamos
sobre Rosângela Rennó.
Na pesquisa pela internet, confirmei o nome de
Rosângela Rennó, Carlos Vergara e ainda identifiquei Alessandra Sanguinette que
passou a integrar o grupo.
Foi proposto que elaborássemos um material para a mediação
no dia do Seminário.
Assim propus meu roteiro considerando:
·
O museu já é um espaço para ver.
·
SILÊNCIO PARA VER!
·
Pensar mediação é pensar primeiro.
·
Preservar o espaço do silêncio!
·
Como ampliar a potencialidade dos signos e de suas
interpretações?
E assim desenvolvi a proposta para conduzir o
meu roteiro no Seminário do dia 20/10/10, apresentando os artistas fotógrafos
Alessandra Sanguinetti, Rosângela Rennó, Jonathas Andrade e Carlos Vergara.
A fotografia
artística contemporânea tem entre suas temáticas privilegiadas, às da vida
íntima e doméstica. Da linguagem da fotografia doméstica e dos instantâneos de
família para uma exposição pública.
“O que importa é a
presença das pessoas que amamos, num evento ou momento significativo que nos
inspirou a tirar a foto” (COTTON, 2010, p.137).
Observando ainda o campo da
temática, temos na obra de Rosângela
Rennó (Belo Horizonte, MG, 1962. Vive e trabalha no Rio de Janeiro -
Brasil), a memória como temática
contemporânea. “Guardar vestígios do que passa muito rapidamente” é para a
artista a marca da sua poética.
Jonathas Andrade,
alagoano radicado em Recife, este artista de 28 anos vem produzindo trabalhos
em que sobrepõe vozes e tempos anteriores a ele. Em “Educação para Adultos”,
apresenta um mural gráfico que é resultado de um laboratório feito a partir de
cartazes, pesquisas, encontros e discussões sobre o método pedagógico para adultos
de Paulo Freire.
E Carlos Vergara, surpreendente com a fotografia 3D!!!
Walter Benjamin, no texto Pequena
história da fotografia, nos conduz a uma reflexão sobre a fotografia
considerando-a como arte ou será a arte como fotografia?
“Quando o daguerreótipo, essa criança gigantesca,
tiver alcançado sua maturidade, quando toda sua arte
e toda sua força se tiverem desenvolvido,
o gênio o segurará pela nuca, subitamente, clamando:
Aqui, tu me
pertences agora! Trabalharemos juntos”.
Com essas palavras,
Antoine Wiertz, saudava, em 1855, o advento da
fotografia.
(BENJAMIN, 1994, p.106)
Ver também:
Revista Trama Interdisciplinar
v. 2, n. 1 (2011)
A fotografia como arte contemporânea
COTTON, C. A fotografia como arte contemporânea. Tradução Silvia Maria Mourão Netto. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 248 p.
http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/tint/article/view/3982
Referências:
BENJAMIN, Walter.
Magia e técnica, arte e politica: ensaios sobre literatura e historia da
cultura. Trad. Sergi
o Paulo Rouanet. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras
escolhidas; vol. 1)
COTTON, Charlotte. A
fotografia como arte contemporânea. São Paulo, WMF Martins Fontes, 2010.
MORESCHI, Bruno. Captou nossa mensagem? Artigo publicado na
revista Vida simples. Edição 92. Maio, 2010. P. 59)
PONTUAL,
Roberto. Corpo & Alma – Uma fração da fotografia contemporânea no Brasil.
In FERREIRA, Glória (Organ.) Crítica de arte no Brasil: temáticas
contemporâneas. Rio de Janeiro, Funarte, 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário